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19 abril, 2009

"Da outra vez foi uma paragem de alguns minutos para mudar de autocarro. Desta vez estaciono por uns dias. Agora, pergunto-me onde tinha a cabeça, ou a alma, da outra vez. Porque não aproveitei, na altura? Se calhar não tinha ainda a maturidade para sentir o que sinto nestes dias primeiros de Outono, para ver e pensar e concluir que não há outro sítio no mundo que eu trocasse por este, por agora. Recordo apenas um facto (...) Quando o autocarro arrancou, uma passageira inglesa recebeu uma chamada intercontinental no telemóvel. Explicou onde estava e acrescentou, rindo, que nunca se tinha sentido tão viva. A sua alegria era profunda e misteriosa. Nunca lhe perguntei porque se sentia assim (...) Mas apontei num caderno a sua frase, e nunca mais a esqueci: "I have never been so alive in my life".

Não é verdade que o planeta é redondo. É armilar. Anda-se às voltas e nunca se regressa ao mesmo sítio. A estrada sim, passa por lá; mas o tempo também passa, e leva de nós o que fomos antes. Falta-nos o mesmo momento para podermos regressar ao mesmo sítio. Regressamos já outros, e compreendemos que o sítio já não é o mesmo."

Gonçalo Cadilhe

in Expresso

4 comentários:

Anónimo disse...

Boa escolha, sim... Mas confesso que não consigo perceber. Deve ser por ter acordado agora. :P

João disse...

Não sabia que tinhas um blogue :) Esta passagem deixou-me curioso. Qual é o sítio a que ele se refere?

Tânia Francis disse...

:) Não é nada de especial, é apenas um sítio para partilhar algumas coisinhas :P Quanto à passagem, é por Kaikoura, na Nova Zelândia, que por algumas fotos que vi, e pelo texto escrito, deve ser um local lindíssimo, ou pelo menos, um local tranquilo e relaxante. :) O texto de que tirei o excerto está aqui:
http://aeiou.expresso.pt/qualquer-coisa-em-kaikoura=f508864

Gosto imenso de ler as crónicas dele, aliás, se pudesse, não me importava nada de andar a segui-lo, levar a vida que ele leva. Há gente com muita sorte. :)

João disse...

Pois é... Provavelmente é o trabalho de sonho! Dele ainda só li as crónicas que fez sobre a viagem do Fernão Magalhães, e gostei!Quanto a este texto, tinha esperança que fosse mais pertinho pra tb experimentar a tal sensação :)